A comunicação pode ser pensada sob diversos enfoques e níveis de complexidade, em espaço de memória entre Turista, receptor e informação.

Elenquei 19 fatores baseados nos estudos de Baldissera Doutor em Comunicação Social.

1 – Os processos estratégicos de divulgação e promoção publicitária dirigida aos turistas reais e/ou potenciais;

2 – Campanhas de valorização do turismo, os processos políticos e negociais entre as diferentes forças/poderes;

3 – Relações com as mídias;

4 – Capacitação/desenvolvimento de pessoas para atuarem na área e afins;

5 – Circulação de informações, as falas de resistência, as mediações e midiatizações;

6 – Campanhas de sensibilização;

7 – Processos de construção e/ou fabricação da imagem – conceito;

8 – Processos mercadológicos (comercialização);

9 – Lugares de participação (ou não) das comunidades;

10 – Regiões de silêncio;

11 – Lugares de boicote;

12 – Aferições de opinião;

13 – Clima;

14 – Imagem-conceito;

15 – Pesquisas de mercado;

16 – Relações interpessoais entre turistas e nativos;

17 – Tensões entre a comunicação oficial (formal) e a comunicação não-oficial (informal);

18 – Cultura como memória não hereditária, informação, organização e comunicação;

19 – Organização de informações para serem apresentadas aos turistas em diferentes ambientes e a própria criação dos ambientes como lugar a ser significado, como mensagem a ser interpretada.

A Comunicação perpassa todo o processo turístico, senão que o macula e, em muitos casos e em níveis diversos, constitui-se em sua condição de realização. Nesse sentido, importa dizer que comunicação é relação e que em relações de interação em presença, difícil é não comunicar.

Pela comunicação um atrativo, produto, pólo turístico passa a existir socialmente, ou seja, antes disso, sua existência tende a se reduzir a uma existência localizada, tangível ou intangível. Mediante processos comunicacionais de qualidades diversas, essa existência potencial é informada e/ou comunicada aos públicos, experimenta processos de nominação, transação/negociação para assumir seu caráter turístico.

Nesse sentido, sob a perspectiva das construções culturais, Castro afirma que “seria ingenuidade, pensar que um local possa ser naturalmente turístico”. Seu reconhecimento como “turístico” é uma construção cultural – isto é, envolve a criação de um sistema integrado de significados através dos quais a realidade turística de um lugar é estabelecida, mantida e negociada. Essa afirmação de Castro vem de encontro com a compreensão que se tem sobre a tensão comunicação-turismo. Observa-se que, ao afirmar que a ideia de “turístico” pressupõe a criação de um sistema integrado de significados o qual possibilita que a realidade turística seja estabelecida, mantida e negociada, Castro, sob a perspectiva da cultura, permite que se afirme que a ideia de “turístico” constrói-se em relações de comunicação. Isto é, a criação de um sistema de significação exige sujeitos em relação, portanto dá conta da articulação sujeito- grupo/comunidade/sociedade. Esse sujeito, em uma perspectiva de complexidade, constrói a sociedade que o constrói. Isso significa pressupor que estabelece relações e, como se verá, relação, nesse sentido, é comunicação.

Ao (re)tecer a rede de significados – vale lembrar que, segundo Geertz (1989) a cultura é uma rede de significados tecidas pelo homem, na qual ele se prende – os sujeitos podem materializar relações de colaboração, cooperação, resistência, organização, desorganização, subversão, associação, corroboração e rejeição, dentre outras. E é dessas/nessas permanentes tensões entre os diversos sujeitos articulados no (re)tecer a rede de significados (lugares de comunicação e exercício de poder), que se realiza a ideia do “turístico”.

 

Referências:

BALDISSERA, Rudimar. Turismo, cultura e identidade: articulações teóricas. IN ASHTON, Mary Sandra Guerra e BALDISSERA, Rudimar (org.) – Turismo em perspectiva. Novo Hamburgo:Feevale, 2003.

CASTRO, Celso. Narrativas e imagens do turismo no Rio de Janeiro. IN Antropologia Urbana: cultura e sociedade no Brasil e em Portugal. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

GEERTZ, Cliford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989.

 

 

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